O crescimento da classe emergente tem destacado um forte contingente que começa a ter efeito no varejo on-line, mais conhecido como e-commerce. Este mercado deve movimentar cerca de R$ 20 bilhões até o fim deste ano, incremento de 36% em relação a 2010. Pessoas com renda familiar de até R$ 3 mil se destacam como os novos compradores e representam 61% desses usuários de compras on-line. No próximo ano, a previsão é de esta faixa impulsionar uma alta de 25% de novos clientes no segmento virtual.
De acordo com estudo realizado pela consultoria e-bit, a faixa etária desse perfil de cliente é de 37 anos, contra 41 do restante dos consumidores virtuais, e o impulso pela compra na Internet fez um boom entre os clientes emergentes, tanto que 5 milhões de novos consumidores de baixa renda entraram no comércio eletrônico desde 2009, estima a entidade. Dos 80 milhões de brasileiros conectados à Internet, 27 milhões são consumidores virtuais.
Hoje, a classe C representa 48% da renda nacional e 53,9% dos 193 milhões de brasileiros. Apuração do instituto Data Popular, especializado nesse perfil, indica que o gastos das famílias da nova classe média este ano serão R$ 1,03 trilhão. "É mais do que o Produto Interno Bruto [PIB] de países como Portugal, Uruguai e Paraguai", enfatiza o sócio-diretor do instituto de pesquisas Renato Meirelles. Para os próximos 10 anos, Meirelles estima que os líderes de consumo sejam jovens entre 18 a 35 anos, chamados de "consumidores da próxima década".
Apesar de não comprar pela Internet com tanta frequência - 31% dos usuários de baixa renda disseram não ter feito compras nos últimos seis meses - o tíquete médio registrado no primeiro semestre de 2011 por esse público foi de R$ 320, contra R$ 355 do total de usuários do varejo eletrônico - um gasto elevado. As pessoas dessa faixa de renda que fizeram sua primeira compra, no mesmo período, mostram o valor médio ainda maior, de R$ 340. A consultoria e-bit estima ainda que 29 milhões de pedidos devam fechar o segundo semestre, com expectativa de o tíquete médio girar em R$ 350, um dos mais altos do mundo, estima a entidade.
"Os segmentos mais procurados pela classe C costumam ser o de produtos de maior valor agregado [eletrodomésticos, equipamentos de informática, eletrônicos] porque, além de os preços serem mais competitivos, o comércio eletrônico oferece a possibilidade de parcelar as compras em muito mais vezes do que o comércio tradicional [até 12 vezes], o que acaba incentivando a aquisição desses produtos", diz Cris Rother, diretora da e-bit.
A mudança de comportamento de compra da classe emergente ao entrar também neste segmento tem relação com o crescimento do acesso ao serviço de banda larga e à popularização dos computadores. "Hoje em dia, 47,8% das residências da classe C têm computador. Destes, 50% têm acesso por banda larga", crê Meirelles. Para ele, os eletrônicos, especialmente os computadores, deverão puxar as vendas em 2012. "51,2% das pessoas que entram no perfil do consumidor da próxima década querem comprar um notebook em 2012. O principal motivo é praticidade." Afora a questão das novas tecnologias, atrativos a mais para esse público ascendente, no caso específico do Brasil a possibilidade de realizar videochamadas e assistir televisão no celular são os fatores que deverão despertar interesse no uso de banda larga móvel, por exemplo. "Há expectativas de crescimento na demanda por banda larga móvel comparado com Internet fixa aqui no Brasil, uma vez que cerca de 40% dos usuários mapeados disseram fazer uso da banda larga móvel para ver e-mails e mais de 50% para acesso à Internet", disse Luciana Gontijo, do Ericsson ConsumerLab na América Latina, por nota.
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