O controle da informação e da liberdade de expressão nos meios de comunicação exercida pela estrutura política e ideológica, abre espaço para um tipo de dependência por parte das mídias. As empresas de comunicação sustentadas pela verba da publicidade atendem aos interesses comerciais dos seus clientes e patrocinadores, na visão de aumento de lucros. Porém, esta relação coloca em jogo a produção jornalística de uma informação independente comprometida com cidadãos livres.
O jornalista Eugênio Bucci, em um artigo para o Jornal do Brasil do dia 14 de fevereiro de 2002, comenta que a publicidade existe para vender e não para dar o sentido do mundo. O jornalismo é função pública antes de ser função de mercado; existe para atender o direito à informação, direito que todos temos, e não para atender aos caprichos do marketing publicitário. Tanto que pode existir jornalismo sem publicidade. Tanto que o melhor jornalismo é aquele que não se deixa pressionar pelas demandas publicitárias, por mais dinheiro que elas tragam.
A discussão sobre a questão ultrapassa as fronteiras brasileiras, Bill Kovach e Tom Rosenstiel, no livro “Elementos do jornalismo”, defendem a reflexão do jornalismo livre da subordinação dos vínculos políticos e econômicos. A organização capitalista não pode suplantar ou até mesmo deixar em esquecimento a finalidade do jornalismo de fornecer aos cidadãos informações para fortalecimento da democracia. Diante do perigo do jornalismo independente ser dissolvido no meio da informação comercial, é necessário concretizar o verdadeiro sentido da primeira emenda americana, a luta por uma imprensa livre, ou seja, uma instituição independente.
Portanto, a liberdade de opinião e de expressão como um direito humano, deve ser ampliada para além da restrição dos proprietários das mídias, correspondendo ao exercício da cidadania a todos os cidadãos e organizações representativas. A era da comunicação, paradoxalmente, ocorre entre os domínios dos processos político-econômicos, a globalização das mídias e a manifestação da pluralidade social. Ampliam-se os canais de informação e de expressão e a possibilidade das pessoas se tornarem emissoras de mensagens e produtoras de programas midiáticos, através dos meios de radiodifusão de baixa potência, pequenos jornais e da Internet. O acesso a Internet do cidadão como produtor, emissor e gestor da comunicação é um caminho para exercício da cidadania em sua dimensão cultural.
Trecho do artigo "Dos Blogues para o jornal impresso" de Everton Lima
Nenhum comentário:
Postar um comentário