A mídia influencia a opinião pública na construção dos fatos do cotidiano que ganham a imagem da televisão, o som do rádio, o papel do jornal, e até a telinha do celular e computador. Este papel de formação de pensamento ganhou nuances diversas com a presença de novos mecanismos sociais oriundos da revolução dos tempos modernos: internet e redes sociais. O texto de Carla Luciane Blum Vestena aponta estes conceitos na teoria de Bordieu evidenciando a sua importância, pela identificação de pontos legitimadores da dominação e restritivos a violência simbólica dos meios de comunicação de massa.
O artigo traça uma conceituação para mídia e opinião pública. Partindo dos veículos midiáticos, aponta a evolução temporal quanto aos equipamentos tecnológicos, e a linguagem cada vez mais clara e precisa (SANTARENO, 2007). Este crescimento não atribui uma manipulação dos meios de comunicação de forma dominante, mas encontra uma sociedade que possui as suas restrições e defesas. Embora haja os pensamentos divergentes no público, as mídias emitiram a mensagem embasada nos interesses das lideranças das elites sociais.
Esta possibilidade de expor idéias não escapa a classe política. De acordo com dados do projeto Estudos da Mídia (Instituto de Pesquisas e Estudos em Comunicação (EPCOM), 271 políticos são sócios ou diretores de empresas de radiodifusão no país. Entre eles, há 147 prefeitos, 55 deputados estaduais, 48 deputados federais, um governador, e 20 senadores. Nesses casos, o limite entre o jornalismo de qualidade se choca com os interesses dos grupos partidários das regiões de abrangência. Para a opinião pública, resta o questionamento sobre a isenção da notícia na hora da elaboração.
As opiniões manipuladas atendem a determinados interesses, que direcionam para racionalidade dos fatos reais vistos pela versão das lideranças dominantes, e que não são do bem comum. Para a autora do texto, esta realidade enfraquece o poder da mídia quanto a superioridade na formação da opinião pública. A imprensa sofre concorrência das mídias digitais que propicia duas possibilidades na grande rede aos usuários: postar e consumir conteúdos. A internet revoluciona indústria da informação e a maneira de expressar opiniões pelos blogues. Através dela, o público encontra grupos de interesses afins nos sites de relacionamento e expõe idéias no microblog Twitter, famoso pela capacidade de mobilização.
Nesse contexto, Bordieu enfatiza o poder de comunicação da televisão para alcançar as pessoas através do áudio e imagem. Ele descreve como desempenho de “força perniciosa de violência simbólica”. As capacidades do veículo de comunicação possibilitam uma atração dos telespectadores pelo espetáculo. Os telespectadores podem escolher a hora, os canais e os programas de preferência para assistir. Para ganhar a atenção deles, o fato relevante ganha contornos que se aproxima da dramatização ou dos filmes e novelas. Isto credencia a TV criar realidades por meio da edição que corta palavras do texto e dos personagens da história.
Antes da internet, as pessoas aguardavam a TV para ter acesso a uma informação que já foi divulgada pelo rádio. O jornal saia apenas no dia seguinte. Esta recepção conquistava pontos importantes para as lideranças dominantes. A chegada da grande rede dinamizou e flexibilizou este acesso ao fato. As fronteiras foram quebradas para o público que consome os conteúdos e não se satisfaz em apenas recebê-los. Prepara artigos opinativos sobre o assunto e cria grupos de discussão. Nessa hora, conservam-se as referências sociais, políticas, religiosas e étnicas.
A teoria de Bordieu vislumbra o cenário atual de formação da opinião pública que tem a revolução da internet e as redes sociais como novos atores na mídia contemporânea. Ela evidencia o papel da imprensa para influenciar as pessoas quanto aos interesses dominantes dos controladores. Para tanto, ele não aborda o viés econômico e analisa a composição dos meios de comunicação e a relação com os grupos sociais. A TV, o rádio, o jornal, e as revistas conseguem trazer a versão dos fatos conforme a linha editorial dos seus conglomerados, mas a absorção não é absoluta. Apesar da influência midiática, o público responde aos estímulos da mensagem, mobilizando frentes pela rede em prol do bem em comum.
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