quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Comentário do dia: O caso dos jornalistas cearenses


Ontem em nosso Blogue Comunicação e Cidadania postamos uma matéria do Portal Imprensa que destacava o caso de exercício ilegal da profissão na imprensa cearense. Na TV União, por exemplo, não há profissionais formados trabalhando, mas estagiários dos cursos de jornalismo de Fortaleza. O argumento da empresa de comunicação é que não dispõe de R$ 1.000,00 para pagar um jornalista. O Estado do Ceará conta, atualmente, com cerca de 1,7 mil jornalistas, sendo que 1.195 são filiados ao Sindicato. Os baixos pisos, de R$ 1.090 a R$ 1.907, e as extenuantes jornadas de trabalho são os principais problemas enfrentados pela categoria cearense. Há um ditado nas redações de jornal da região Nordeste que pode exemplificar o caso: "Aqui na redação tem hora para entrar, mas não sabe que horas vai sair."
No estado Rio Grande do Norte, em Mossoró por exemplo, a situação não é diferente. Muitos estagiários povoam as redações de jornal, estúdios de rádio e agências de publicidade. Alguns sem noção da profissão são incubidos de funções que deveriam ser feitas por um profissional de carreira já formado. Quando eu estava nos bancos da universidade, um colega de turma do primeiro ano de jornalismo foi contratado como estagiário por um jornal de Mossoró e atuou por muito tempo no caderno de notícias do munícipio, conhecido Gerais. Meses depois, o jornal passava por uma crise financeira e havia perdido o editor-chefe. Advinha quem assumiu? o meu colega estagiário. Mérito pra ele? Concerteza, por que conseguiu desempenhar bem o trabalho. Mas se não tivesse, quem levaria a culpa? Ele não tem culpa nenhuma. A empresa é a responsável pelo jornal e deve estar ciente das consequencias dessa ação. Aqui percebe-se o zelo de algumas empresas jornalísticas que não se preocupam em informar o público e sim em vender jornal e atender os seus interesses econômicos e políticos.
O mais novo absurdo em Mossoró é a história de um curso técnico de dois anos para jornalistas que já atuam na área, desrespeitando quem passa quatro anos em faculdade estudando para se formar. Alguns profissionais estão se mobilizando para que o curso seja oferecido pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte que já possui uma graduação em Comunicação Social em três habilitações: Jornalismo, Publicidade e Radialismo. Aconselho aos profissionais que estudem, façam vestibular, passem e cursem a faculdade. Não façam o percurso pela metade. Apoiar atitudes como essas e outras relacionadas, é o sinal que o jornalismo não é levado a sério. Espero que os jornalistas, publicitários e radialistas formados em Mossoró lutem por uma valorização da profissão da comunicação social. Atenção Jornalistas de Mossoró! Não seria a hora de fundar um sindicato para lutar pelos direitos. Vamos favorecer a democracia com um jornalismo comprometido com a verdade, pois a sociedade anseia por isso.

Everton Lima é jornalista formado pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN)

Um comentário:

Anônimo disse...

A classe docente também sente o peso desse tipo de injustiças. Algumas faculdades aqui em Fortaleza comercializam todo tipo de certificado. Imagino que tipo de profissional vai ser lançado no mercado... O baixo custo da mão-de -obra de estagiários não é e nem nunca será garantia de uma trabalho bem feito. Muitas faculdades que oferecemm cursos de dois anos (absurdo!) não estão formando, neste pouco tempo, profissionais aptos a sobreviverm nessa selva de pedras, onde o que vale é a lei do mais inteligente, do mais apto. Esse tipo de instituição pode até levar o nome de Faculdade; entretanto jamais será uma Universidade. Temo que essa "praga" mal-qualificada de tome o mercado de trabalho e prejudique o ingresso de muitos profissionais formados.Sindicatos formados pelos profissionais prejudicados seriam a solução? Acharia melhor uma conscientização por parte das empresas, que deveriam primorar por pessoas verdadeiramente capacitadas.