terça-feira, 27 de novembro de 2007

Jornalistas registrados como profissionais de rádio causam polêmica no Ceará


Um dos grandes problemas enfrentados pelo Sindicato dos Jornalistas do Ceará é, sem dúvida, o exercício ilegal da profissão. "A maior demanda vem dos jornalistas de televisão e rádio. Desde 2002, os profissionais de mídia eletrônica do Estado foram obrigados pelas empresas a obter registro de radialista, categoria que não tem formação superior obrigatória", declara Déborah Lima, 37, presidente do Sindjorce desde 2004.
Déborah afirma que os que se recusaram a executar a mudança foram demitidos e que, desde então, as empresas se negam a comparecer à Delegacia Regional do Trabalho (DRT) para qualquer tipo de negociação das campanhas salariais com o Sindicato. "Elas alegam que não temos 'legitimidade' para representar os empregados das empresas de rádio e TV, porque estes são 'radialistas' e não jornalistas. A situação é grave e merece ser denunciada".
A presidente, formada pela Universidade Federal do Ceará (UFC), acredita que a TV Verdes Mares, filiada da Rede Globo, é uma das principais emissoras que sustentam a tese de que não há jornalistas em suas redações. "Pertencente aos herdeiros do empresário Edson Queiroz, sogro do senador Tasso Jereissati (PSDB), a TV Verdes Mares diz que não tem jornalistas, embora seus empregados sejam formados em Comunicação Social/Jornalismo e filiados ao Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Ceará".
Com os jornalistas registrados como profissionais de rádio e, segundo Déborah, trabalhando mais e ganhando menos do que deveriam, o Sindjorce passou por um momento financeiro difícil. "As contribuições dos jornalistas passaram a ser repassadas pelas emissoras para o Sindicato dos Radialistas, um sindicato que contribuiu, e continua contribuindo, com o plano dos patrões de asfixiar financeiramente o nosso Sindicato".
O Estado do Ceará conta, atualmente, com cerca de 1,7 mil jornalistas, sendo que 1.195 são filiados ao Sindicato. Os baixos pisos, de R$ 1.090 a R$ 1.907, e as extenuantes jornadas de trabalho são os principais problemas enfrentados pela categoria cearense. "Os jornalistas trabalham até 14h diárias, já que só têm horário para entrar e não para sair das redações", afirma Déborah.
Dessa forma, as principais reivindicações do acordo coletivo deste ano vão desde um ganho real de 3%, reajuste acima da inflação, até vale alimentação e adicional pela veiculação da produção em outras mídias. "Os representantes patronais repetem o surrado discurso de crise nos jornais para justificar o corte dos direitos já consolidados, mesmo com as pesquisas apontando para um aumento do número de anúncios nas mídias impressas", declara Déborah.
A jornalista ainda afirma que, cada vez mais, os PJ's estão crescendo no Estado e, além disso, constatou que cerca de 100 jornalistas trabalham sem registro profissional em Fortaleza. Entretanto, Déborah aponta para "um caso mais grave", o da TV União. "A DRT detectou a completa ausência de jornalistas na emissora. A redação é tocada exclusivamente por estagiários. Eles se comprometeram a contratar pelo menos dois jornalistas, mas até agora nada". Déborah declarou ter sido ameaçada pelo dono da emissora, Alberto Bardawil, caso persistisse com as reivindicações. "Ele disse que se uma nova fiscalização da DRT chegasse lá iria ser recebida pelas câmeras e que a TV União denunciaria o sindicato por perseguição. O argumento dele era que a TV não tinha R$ 1.000,00 para pagar um jornalista. Está na hora dos jornais reconhecerem, valorizarem e investirem também em seus jornalistas. Chega dessa conversa de crise nos jornais. Essa choradeira não convence mais ninguém", finaliza.
Fonte: Portal Imprensa

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