sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Até que ponto somos humanizados?


Ao andar pela Av. 13 de maio*, deparei-me com uma cena que, de certa forma, mexeu com o meu interior. Um cachorro – de raça ignorada- acolhido a um canto da parede. Não, ele não estava atropelado, nem tampouco doente, ele estava abandonado.
Você já foi abandonado alguma vez? Quando digo abandonado é abandonado mesmo, deixado de lado por alguém que você amava e confiava.
Pois bem, digo-lhes mais: um flanelinha, mal-intencionado, passa e joga água no pobre animal.
Imagine-se no lugar do solitário bichinho abandonado. Agora, pense em como seria sua vida se todos aqueles em que você sempre confiou te dessem as costas? Não é apavorante? Para acentuar um pouco mais essa terrível sensação, tente imaginar-se triste e perdido, e, de repente, uma pessoa te jogar água na cara, só para te fazer uma brincadeirinha de mau gosto.
Questiono-me, perante tudo isso, até que ponto o homem é humanizado?
Só porque o cachorro é um animal não quer dizer que ele não tenha sentimentos. Ora, um chimpanzé pode ser o animal mais parecido com o homem no que diz respeito ao seu Q.I, mas quanto ao Q.E, com certeza é o cachorro. Não é à toda que esse fraterno bicho é considerado nosso melhor amigo!
Certa vez, ao ler o Dicionário Filosófico de Voltaire, vi que até o filósofo iluminista dedicou um capítulo ao seguinte questionamento: será que os cães têm alma?
Bem sabemos que essa é uma pergunta retórica!
Acompanhemos o raciocínio de Voltaire: lembremos que alma vem de anima, ou seja, tudo aquilo de anima e dá vida. Se o cachorro excede o homem em amizade e fidelidade, por que não atribuir-lhe uma alma?
Sinto-me pequena, impotente e tão solitária quanto o amigo que vi abandonado, perante essas desumanizarão. Espero que, quem se disponibilizar a ler esse texto, fique um pouco mais sensibilizado e pense duas, três ou nem sequer pense em abandonar um amigo de quatro patas. Você tem sues estudos, seu trabalho, sua vida social e ele só tem você.
Para encerrar meu pequeno desabafo, faço minhas as palavras do poeta: “Entre os amigos encontrei grandes cachorros e entre os cachorros encontrei grandes amigos.”

*Avenida de Fortaleza-CE

Érika Machado é acadêmica de Letras da UECE




Um comentário:

Anônimo disse...

Tocante o texto! Pode parecer retórica a questão de os animais terem alma , mas com certeza eles têm sentimentos...