terça-feira, 11 de dezembro de 2007

Falta qualificação para profissionais e sobra emprego.


Uma barata caminhava sobre a pasta de currículo de Francisco Silvério* que está desempregado a seis meses. Sua profissão é representante comercial. Possui apenas o ensino médio completo e alguns cursos profissionalizantes de uma semana. A experiência profissional é vasta e já trabalhou em vários lugares. Mas não consegue mais um emprego, pela falta de qualificação. Já ofereceram dois empregos para ele, porém não conseguiu. Não dominava informática, nem o curso profissionalizante de rotinas administrativas e muito menos o inglês básico. Francisco tem 49 anos e uma família para sustentar, mas falta qualificação. A história dele é semelhante a de muitos brasileiros que não conseguem emprego por falta de experiência e formação adequada. De acordo com o estudo, 9,13 milhões de pessoas estão à procura de um emprego, mas somente 1,67 milhão de trabalhadores têm experiência ou qualificação necessária. Apenas 18% dos desempregados brasileiros têm os requisitos necessários para serem absorvidos pelo mercado de mão-de-obra especializada, o que impede 7,4 milhões de brasileiros de conseguir emprego. O dado foi divulgado na pesquisa Demanda e Perfil dos Trabalhadores Formais no Brasil em 2007, do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). A pesquisa do Ipea também mostrou uma mudança geográfica no surgimento de postos de trabalho. No Norte, Centro-Oeste e Sul, a quantidade de vagas supera o total de trabalhadores qualificados. No Sudeste e Nordeste, porém, sobram trabalhadores e faltam vagas. A maior demanda, segundo o Ipea, é por profissionais do sexo masculino, entre 31 e 37 anos e com pelo menos oito anos de estudo. O Brasil está no caminho certo, mas falta investir mais na educação.

*Nome fícticio, personagem da matéria preferiu não se identificar.

Por Everton Lima

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