quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Hoje é feriado em Mossoró

Hoje é Dia Estadual à Memória dos Protomártires de Uruaçu e Cunhaú. A data já estava instituída como dia de folga em Mossoró, desde 3 de outubro de 1946, quando o prefeito José Nicodemus da Silveira Martins decretou feriado municipal. Por volta da metade do século XVII, a Região Nordeste foi invadida pelos calvinistas holandeses. Após domínio da Espanha em Portugal, a Holanda, em busca de açúcar, resolveu enviar suas expedições para invadirem o Nordeste do Brasil, no período colonial. Após algum tempo, ocorreram muitas revoltas devido aos altos impostos cobrados pelos holandeses, além das disputas por terras e domínios entre franceses, holandes, portugueses e índios. Nesse ínterim, estava em alta o processo de colonização no país. Para muitos historiadores, os mártires de Cunhaú e Uruaçu não são merecedores de tanto destaque, tendo em vista uma série de outros com a mesma característica que ocorreram por todo o país. Conta a história que em 16 de junho de 1645, o padre André de Soveral e outros 70 fiéis foram cruelmente mortos por mais de 200 soldados holandeses e índios potiguares. No momento da chacina, os fiéis participavam da rotineira missa dominical, na capela de Nossa Senhora das Cadeias, no Engenho Cunhaú (município de Canguaretama/RN).
Apenas três meses depois, outras 70 pessoas são mortas pelos holandeses, dessa vez o martírio ocorre na comunidade de Uruaçu, em São Gonçalo do Amarante/RN. Foi com o intuito de lembrar esses dois fatos histórico-religiosos, que a governadora Wilma de Faria sancionou a lei nº 8.913, de 6 de dezembro de 2006, decretando feriado estadual.
Conheça mais sobre a história dos Mártires
O primeiro grande morticínio em terras potiguares foi a morte de Francisco Coelho, sua mulher e seis filhos, além de outras 60 pessoas. No entanto, por causa da ausência de motivação religiosa, esse fato não foi considerado um verdadeiro martírio de fé.
Em Cunhaú, a primeira invasão do engenho pelos holandeses ocorreu em 1634. No local moravam cerca de 70 colonos com suas famílias, inteiramente dedicados aos seus trabalhos na lavoura e na moagem da cana. Todos viviam tranquilamente e visitavam a capela Nossa Senhora das Candeias regularmente. No entanto, frequentemente o local era invadido pelo alemão a serviço dos holandeses, Jacó Rabe junto com índios tapuias e potiguares. Eles sempre pregavam ódio e destruição.
Em 16 de julho, Jacó Rabe manda colocar nas portas da capela um edital convocando todos para ouvirem as Ordens do Supremo Conselho. Assim que a missa dominical começa, a um sinal, ele manda fechar todas as portas da igreja e inicia a matança.
O martírio de Cunhaú se espalhou por toda a capitania do Rio Grande deixando a população assustada e temerosa a novos ataques. Mesmo suspeitando conivência das autoridades flamengas nesses ataques, alguns moradores influentes do Rio Grande não tiveram outra alternativa senão recorrer ao comandante de Fortaleza dos Reis Magos, cujo nome tinha sido mudado para Forte Ceulen, para ficarem lá sob proteção militar, não sabendo que a hospitalidade terminaria em tragédia.
Mas Jacó Rabe ataca novamente. Dessa vez foram 70 moradores que estavam refugiados numa cerca de pau-a-pique. Após uma heróica resistência, o comandante dos holandeses manda que os sobreviventes tirem a roupa e se ajoelhem enquanto o pastor calvinista manda-os renunciar ao catolicismo. Em seguida, os índios, que estavam emboscados, saem do mato, cercam os colonos e os matam de forma cruel.
Mateus Moreira, um dos mártires, é citado por três cronistas, embora com uma divergência de nome, Mateus ou Matias. A descrição de sua morte é o ponto mais expressivo de toda a narrativa e Uruaçu se constitui um dos mais belos testemunhos de fé na Eucaristia, confessada na hora do martírio. Os algozes arrancaram-lhe o coração pelas costas e ele morreu exclamando: "Louvado seja o Santíssimo Sacramento".
Fonte: Livro Cronologias Mosssoroenses - Jornalista Lauro da Escóssia

Um comentário:

Juju disse...

Boa noite.
meu nome é Juliana e moro em Niterói, porém sou neta do José Nicodemos da Silveira Martins, e gostaria se possivel fosse receber matériais que dizem respeito ao meu avõ, ou então você me endicar alguma fonte de pesquisa.

Desde já agradeço sua atençaõ