segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Público Femino cresce nos estádios de futebol

Por Mabel Monique
Bruno Barreto
Everton Lima

Em países como o Irã, as mulheres são proibidas de participarem da festa do futebol, mas no Brasil elas ajudam a abrilhantar as arquibancadas. São as torcedoras apaixonadas que crescem a cada dia em nosso país.
Em Mossoró, terra onde as mulheres são conhecidas pela quebra de tabus e que hoje dominam a política local, não poderia ser diferente. A presença feminina no Estádio Manoel Leonardo Nogueira, o 'Nogueirão', é cada vez maior.
Na última segunda-feira, no clássico ABC e Baraúnas, elas eram minoria em comparação a presença masculina, mas eles mesmos reconhecem que as mulheres são cada vez mais apaixonadas por futebol. "É impressionante como a mentalidade das mulheres em relação ao futebol mudou. Antes, elas só estavam interessadas em ver quais eram os jogadores bonitos e só assistiam aos jogos da Copa do Mundo. Agora mudou, elas gostam mesmo de futebol", disse o torcedor tricolor Ricardo Araújo.
Apesar do crescimento cada vez maior da presença feminina nos estádios, ainda há muita discriminação por parte do público masculino, como relata o torcedor do ABC Francisco Medeiros. "Temos alguns amigos que ficam assobiando quando as torcedoras passam. Isso é muito feio, além disso sempre os caras falam nas rodas de conversas que mulher no estádio é coisa de sapatão", revelou.
Mas as mulheres estão sabendo lidar com o preconceito, como relata a torcedora Alda Farias, que acompanha o Baraúnas em praticamente todos os jogos. "Acompanho o time desde pequena e sei tirar de letra as piadinhas que escuto nos jogos. Só lamento que muitas amigas minhas não venham para o Nogueirão por conta do preconceito e da vergonha que elas dizem sentirem ao vir a um jogo de futebol", explicou.
A conseqüência do que falou Alda é a de que mulheres só vão aos estádios acompanhadas dos maridos ou dos namorados. "Só comecei a ir aos jogos do Potiguar depois que comecei a namorar um rapaz que costuma vir aos jogos. Antes ficava receosa de vir só porque minhas amigas não gostam de futebol", explicou a estudante Camila Pessoa.
A estudante também reclama da imprensa. Para ela, a cobertura esportiva é muito voltada para o público masculino. "Tem muita coisa que nós mulheres não entendemos. Os comentários são superficiais e nós temos que tirar as dúvidas com os homens que acabam tirando sarro de nossa cara", explica.

As mulheres dão show na quadra
Um velho ditado machista, absorvido por muitos meninos na infância, diz que futebol não é esporte para mulher. Quebrando esse tabu e outros preconceitos, as meninas do time de futsal feminino da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte destacam-se nas principais competições regionais, com cinco títulos estaduais e o quinto lugar no campeonato nacional.
A equipe, composta por jogadoras de faixa etária entre 20 a 25 anos, dedica-se à modalidade há cinco anos, com seqüências de treinamentos conciliadas com as suas responsabilidades acadêmicas. "Encontramos dificuldades, mas a nossa vontade de jogar nos ajuda a superar os desafios", frisa Elen Marry, 22, jogadora da equipe de futsal feminino.
Elen conta que sua paixão pelo esporte vem desde muito tempo e que nunca desanimou diante dos obstáculos. Para ela, o avanço nas competições com resultados positivos e o entrosamento da equipe é uma motivação para um bom desempenho no seu trabalho.
O professor da faculdade de Educação Física João Batista, técnico da equipe, ressalta a importância da união e da perseverança do grupo para alcançar os resultados positivos. Segundo ele, estes fatores são determinantes para vencer o preconceito, muito presente durante as viagens para as competições. "Apesar do olhar estranho das pessoas nos lugares que passamos, não vamos desistir e continuaremos a quebrar as barreiras que surgirem", acrescenta João.

Repórter é destaque nas transmissões esportivas

As brasileiras vêm ocupando seu espaço no mercado de trabalho e já representam mais de 40% da população economicamente ativa do país, muitas vezes tendo que encarar uma dupla jornada de trabalho, como profissional e dona-de-casa. Nesse contexto, a mulher abriu novas perspectivas na área profissional, entre elas, destaca-se atualmente a presença nas transmissões esportivas do rádio e da TV. Até bem pouco tempo atrás dominadas pelo público masculino.
Em Mossoró, a locutora Bárbara Tavares pode ser citada como exemplo. Ela trabalha como repórter na cobertura esportiva da Rádio Rural AM. "Estou muito feliz com meu trabalho e pretendo fazer parte da história do esporte na cidade", revela.
O respeito e a admiração do público e dos colegas de trabalho a incentiva no seu desempenho diante do microfone. Embora algumas vezes sejam permitidas algumas brincadeiras, como aconteceu na sua estréia com a equipe esportiva, em que foi chamada de "gostosura de repórter".
Ela confessa ainda encontrar algumas dificuldades com a linguagem utilizada no futebol, mas acredita conseguir adaptar-se a essa nova realidade de trabalho. Cursando o sétimo período de Comunicação Social, habilitação radialismo, aproveita os conhecimentos da academia para seu aprendizado. De forma especial, por meio da disciplina de jornalismo esportivo ministrada pela curso como optativa para todas as habilitações. "São barreiras que vamos quebrando e vencendo, por meio da perseverança e do amor à profissão", comenta.

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